• Meditação realizada em reunião do Conselho de Administração no dia 18 de julho de 2014
Introdução:
Para tratar deste tema recorremos ao Profetismo Clássico, presente no Antigo Testamento, no qual a figura do profeta e sua missão, muitas vezes se fundem de maneira inseparável: ele está comprometido com a sua missão ao ponto de fundir-se com ela. E, é de Javé (Deus), o próprio profeta identifica-se como um atributo do próprio Deus. Este é o caso do Profeta Elias, cujo ministério está registrado, particularmente, no livro de I Reis 17. Seu nome significa “Javé é Senhor”!
Assim, abordamos o referido texto em forma de alegoria; ou seja, de uma representação que transmite um determinado significado em acréscimo ao sentido literal do texto; ligando de forma indireta o passado com a realidade que enfrentamos hoje. Neste sentido, agregamos o texto do Evangelho de João 10. 10b, onde Jesus afirma que veio para trazer vida e vida em abundância.
1. Pode-se dizer que o ministério profético, clássico, emerge em momentos de crise institucional. No caso, em relação a profanação do Culto e adoração a Javé, como verdadeiro Deus. O ministério profético consistia no reestabelecimento do Propósito Divino para o seu povo.
O rei Acab, profanou o Culto a Javé, influenciado pela esposa Jezabel, filha do Rei Etbaal, rei dos sidônios, estabelecendo uma aliança politico-familiar. No Culto aos Deus Baal, dos sidônios, a ênfase estava na adoração da fertilidade, que incluía em determinadas liturgias atos lascivos e o sacrifício de crianças. Neste contexto Deus envia o profeta Elias para restaurar o Culto.
I. Vemos, neste episodio, a permanente tensão entre planos e propósitos. Deus tem um propósito e para isto estabelece planos. O propósito vinha de geração em geração. Quando Salomão edifica um templo, veio a ele a palavra do Senhor dizendo: “quanto a esta casa que tu edificas, se andares nos meus estatutos, e executares todos os meus mandamentos, andando neles, cumprirei para contigo a minha palavra, a qual falei a Davi, teu pai. E habitarei (fazer tenda)no meio dos filhos de Israel e não desampararei o meu povo”. (1Reis 6.13-13)
Podemos inferir, pela natureza desta ação, que Elias assume um plano de risco para manter-se fiel ao propósito de seu ministério profético. Deve, diante do Rei Acab anunciar que não vai chover. Este era o Plano A, e este plano tinha consequências, de tal modo que precisava ter outro plano B ou C; pois era necessário ter alternativas que não comprometessem o propósito.
A questão central passa a ser: qual é o propósito? Temos um plano para quando há chuva; e qual o plano para quando não chove?
II. John Wesley, em junho de 1748 fundou a Escola Kingswood, com um propósito de ter uma escola cristã. Passados alguns anos, ao voltar a Kingswood e perceber que seu propósito inicial estava comprometido, declarou: “Ou terei uma Escola cristã ou não terei nenhuma”. Ou seja, ter uma escola cujo ensino, pedagogia, visão de mundo, planos e projetos não poderiam, jamais, trair o seu propósito. Propósito é a verdade de qualquer empreendimento, de qualquer instituição.
O esquema traçado por Elias era: Plano A: Falar ao rei Acab, e, Plano B fugir para o lado oriental. Mas o propósito de Javé é salvar; é manter a vida. A vida de uma viúva, a vida do seu filho e a vida do próprio profeta era propósito divino. Na reafirmação do propósito de Javé, que salva, está expressa, de forma visível, a verdade de Javé: estar com o seu povo; habitar com o seu povo, cuidar do seu povo e receber exclusiva adoração do seu povo.
Os planos podem ser nossos, humanos, mas o propósito é de Deus.
Deus é o dono do propósito da missão do Profeta. O profetismo, em Israel é uma instituição. Deus é dono do propósito da Instituição. E o propósito de Deus gera vida. O deus Baal exigia o sacrifício de vidas; o Deus Javé, em Cristo, vem para trazer vida. Neste contexto, o propósito de Deus é a última esperança, e não os planos. Os planos devem estar a serviço dos propósitos.
Conclusão:
A morte de uma instituição educacional é causa para choro e lamento. É assumir a condição da perda, da viuvez; mas estes dados não são definitivos. Choramos qualquer possibilidade ou ameaça de desmobilização institucional. Nossa missão não é para a morte, mas para a vida. Sabemos que, em seu propósito, Deus cuida das viúva e dos filho da viúva.
Qual é a verdade que precisa ser dita sobre os planos que temos como metodistas para as nossas IMES, que concorrem a verdade histórica de seu de seu propósito cristão. Quando não “chove”, em período de seca, de crise, qual é o nosso plano B?
O profeta Elias tomou da última porção da farinha; que permitiu reacender o propósito de que a mesma não se extinguiria sobre a panela no fogo e nem secaria o azeite na botija.
Um profeta ou uma profetiza trabalham; ou seja: homens e mulheres comprometidos com propósitos fundantes, trabalham com a espiritualidade, assim, buscam planos (caminhos) para que o propósito de Deus seja alcançado.
Os Planos não são definitivos. Os propósitos são de geração a geração.
Vida longa e abundante para a Rede Metodista de Educação, em todas as suas unidades de nosso País.
Fraternalmente:
Bispo Vergílio